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sábado, 6 de abril de 2013

AS LOUCAS VIAGENS DE HUGO MARTINELLI - PRÓLOGO



Lá e de volta outra vez


Atocha Renfe - Rumo a Toledo
Estava lá eu de volta outra vez ao meu sonho, só que dessa vez era real, diferente de tudo que em qualquer momento eu pudesse ter imaginado, o que chamei de viagem do inimaginável. De pé, dentro da antiga estação de trens da cidade de Toledo, primeira capital da Espanha. Aliás, sempre achei que fosse parar nos EUA, ou algum país de língua inglesa, mas a teoria do caos acabou me colocando ali, de pé contemplando o meu portal de entrada para outra dimensão, um mundo paralelo, onde você passa a ver a vida de outra perspectiva.

Eu estava ali, eu tinha tomado a pílula vermelha, desconfiei daquela sombra na caverna, mas observava ali parado por alguns segundos em que milhares de coisas passavam na minha cabeça, pois afinal, como seria do outro lado do portal? Então pés em movimento e vamos lá...

Estação de Trem de Toledo ao fundo
Bem, antes de começar a contar o que se passou depois do portal, acho que podem estar curiosos sobre o que me levou a estar ali, pois foi um caminho e tanto.

Tudo começa quando ouvi a palavra intercâmbio pela primeira vez, sempre achei fantástico a ideia de me inserir em um meio completamente desconhecido, em uma nova sociedade, com conceitos e preconceitos diferentes dos nossos, dos seus e dos meus. Enfim, esse post não é pra contar como foi o intercâmbio, isso vou contando aos poucos, em alguns posts temáticos só de histórias de lá, essa sessão é mais sobre viajem! Hehehe!

Eu sempre sonhei é claro com isso, mas acho justo dizer que o grande estopim foi o término de um relacionamento muito longo, que não vou falar em nomes ou julgar aqui o mérito da questão. Foi a partir daí que procurei o programa de intercâmbio da faculdade, porque além de meu maior sonho era naquele momento a minha melhor fuga.

Vejam só, para garantir minha vaga precisei publicar um artigo científico, já que era um dos quesitos que mais contava pontos no sistema de seleção para ganhar a bolsa. Enviei para o site e rapidamente o vi publicado, sendo que tempos depois foi parar em uma revista na biblioteca do STF. Mais foi aí que garanti inclusive a cidade que eu havia colocado como preferencia, a histórica Toledo, cidade com mais de 800 anos, com castelos, pontes medievais, ruas estreitas e tortuosas que formam um labirinto preparado estrategicamente para guerras, onde sei lá quantas vezes me perdi, inclusive quando beijei a primeira garota lá, uma americana, e tive que ligar para um amigo que já vivia ali há 6 meses para me dar as coordenadas de acordo com que eu descrevia a rua onde estava, vocês podem imaginar essa cena.


Mas voltando ao assunto, foi ali que vi assegurada minha vaga, já tinha sentido que eu ia pra aquele lugar de qualquer forma e não deu outra. Feita toda a parte burocrática de visto, seguro, passagem, carta de aceitação da universidade, e mais uns 793 documentos, além de estar totalmente em alta, porque já havia me apaixonado depois de uns 3 meses e exatamente 2 meses antes de viajar, havia de ser intenso, e foi, sabíamos que a viajem ia nos separar, mas era pra ser assim, foi demais assim, era justo citá-la aqui também, já que foi quem me jogou pra cima em um momento em que eu só pensava em mim mesmo, aprendi muito com ela, e de quem ouvi o maior elogio que já ouvi, mas isso é segredo!

Despedida no aeroporto de Vitória, famílias, amores e dissabores ficaram a um oceano de distância, um mundo completamente novo adiante, documentos todos em ordem e quase volto pra casa mais cedo, começam as peripécias e acontecimentos das minhas viajens, saco o celular do bolso e tiro uma foto em frente a cabine onde apresenta o passaporte, por onde era o último obstáculo entre a Espanha e eu, logo vem um guarda e me manda apagar a foto. “Señor! Señor! Hay que borrar la foto“. Eu me fazendo de desentendido apaguei na hora e mostrei pra ele que não tinha mais e pronto, ele voltou pro posto dele. Nisso, meu amigo Victor, que estava indo do Brasil comigo, da mesma faculdade que eu, passou na minha frente e foi tudo certo. Quando eu passei eu falei que estava com ele e ia pra mesma faculdade, mostrei o passaporte e a carta da universidade e ele nem quis ver os outros documentos, carimbou o passaporte e me dispensou! Na minha cabeça era tipo Galvão Bueno narrando “É Tetraaaaa! É teeeeeeeeeettttrrraaaa!!!“

Continuamos andando pelo gigantesco Terminal 4, o T-4 do aeroporto de Madrid, que tem uma arquitetura peculiar e muito bonita por sinal! Para se ter uma ideia, dentro do aeroporto temos que pegar um metrô interno só para ir buscar a mala, num trajeto de 18 minutos.

Saímos e resolvemos ir de trem até Toledo, porém trem de alta velocidade, da companhia Renfe, então pegamos um ônibus no aeroporto até a estação de trem conhecida como Atocha Renfe, que tem conexão também com uma linha do metrô de Madrid. Pausa para falar que em Madrid a mobilidade urbana é fantástica e se você quiser você realmente não precisa usar carro, porque o transporte público está sempre muito perto a você onde quer que você esteja na cidade.

Hostel Sol
Compramos o bilhete e fomos arrastando as pesadas malas para dentro do trem, uma viajem de cerca de meia hora e estávamos lá, de pé diante do portal, por ali entraríamos definitivamente no nosso endereço nos próximos seis meses. 

Tivemos 3 lares, o Hostel del Sol, por 5 dias, que recomendo, a casa de um amigão que fizemos que já morava em Toledo há 8 anos, um brasileiro, Bruno, nosso parceiro na primeira viajem que fizemos, já no segundo final de semana, pra Portugal e que já relatei um pouco aqui no blog. Depois fomos definitivamente para o nosso tão querido “Piso“ del Paseo San Cristobál, lugar com uma vista linda, palco de muitas festas animadas e com gente de todos os lugares trocando boas experiências, convivendo e confraternizando em paz, acho que dá pra aprender algo com isso.


Casa do Bruno e a típica hospitalidade brasileira
Vista que tínhamos todos os dias do apartamento do Paseo San Cristobál


Hugo, Carlo, Octavio e Victor
Finalmente quase depois de um mês formamos a equipe que ia viver ali nos quatro quartos daquele apartamento (piso), e fomos eu, Victor, os brasileiros, Carlo o italiano e Octavio o chinês.

No primeiro dia em Toledo já me impressionei e me senti transportado para dentro da história, passando pelo caminho de Don Quixote descrito por Cervantes em sua mais famosa obra e vendo sua estátua segurando o livro em uma escadaria onde outrora se decepavam cabeças durante a inquisição espanhola, diga-se de passagem uma das mais violentas.


Assim, já no primeiro dia deixamos as malas no Hostel e fomos conhecer a cidade com os olhos de quem ainda acabara de chegar e ainda nem poderia imaginar o que estava por vir. Voltamos e fomos tirar um cochilo pra recuperar da viagem, mas antes mesmo que pudéssemos pegar no sono fomos resgatados por um outro brasileiro que já estava ali desde o semestre anterior e com quem eu já havia feito contato antes de ir. Foi ele, Pietro, que nos mostrou a cidade em um city tour completo, e como andamos naquele dia de extremo calor e de ar muito seco, que me fazia sangrar o nariz e beber água sem parar.





Não sabíamos, mas aquele dia ainda nos reservara uma grande surpresa, pois à noite quando pensamos em finalmente ir dormir, partimos para conhecer a principal balada local, conhecida como Peraleda, que ficava num enorme terreno aberto, com 4 boates em que você pode entrar e sair à vontade e só paga o que consumir diretamente no bar.




Esse foi o fim do primeiro dia, mas Toledo ainda vai render muitas histórias aqui, me apaixonei algumas vezes, passei por algumas situações inimagináveis, fiz amigos incríveis com os quais mantenho contato até hoje.

Vocês ainda vão descobrir quanto, mas nesse post vou ficando por aqui, por enquanto só posso dizer que valeu a pena. E quanto!



8 comentários:

  1. Mágico!!!!! Mom mágico!!!!
    Vc consegue transmitir

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  2. tu blog es la hostia!!! un abrazo del gaucho que te gusta muchissimo! #pietrorossi Ciaoo

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  3. Adorei! Vc consegue descrever essa aventura com um sentimento que contagia quem esta lendo! Fiquei com a impressão que o poema "um conto, com muito ponto" provem dessa época, acertei? Rss.. Bjsss
    @marciacristyane

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  4. Parabéns Hugo . !!

    Adorando seguir nessa viagem com vc . !!

    @Rho_MariaGarcia

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  5. Adorei a aventura! Quando iremos saber mais? Bjs meu amor!

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  6. Ohhhhhh... por que parou? Parou por quê? Que delícia ler a sua narrativa!! A gente sente como se estivesse do seu lado, participando da cena!!!
    Já vi que viajarei muito lendo as suas narrativas... hoje relembrei o Aeroporto de Madri, Barajas, que é fantástico... o trem/ metrô; Atocha, Renfe... ufaaa...
    Obrigada por me proporcionar esse momento.
    Beijo Poeta

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